Após assassinar seu próprio irmão, Caim teve medo de que o matassem por vingança. O homicídio, até então, não havia sido relatado na Bíblia e pelo que podemos constatar, era imperdoável.
Caim atesta em sua defesa, dizendo:
“É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.” (Gênesis 4:13).
Feito transeunte, andou errante, fugitivo, amaldiçoado por Deus que afirmou, em outras palavras, que a terra que recebeu o sangue de Abel agora não entregaria sua potência frutífera a Caim.
Clamando, este rogou, protestou que seria morto por retaliação quando descobrissem de seu crime. O suposto "vingador" poderia ser Adão ou qualquer outro de seus irmãos.
“O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.” (Gênesis 4:15).
Pôs o Senhor uma marca. Um sinal. O indicativo que a Bíblia não diz exatamente qual era, apesar da cultura pop e do coletivo imaginário tentar estabelecer uma figura para isto, é correto afirmar que as informações não passam de especulação.
No entanto, este é um tópico importantíssimo para pontuarmos sobre a história da humanidade porque, no decorrer dos séculos, exegeses das mais variadas se espalharam, taxadas de verdades absolutas.
A pior delas, e quem sabe a mais famosa, confabula que o sinal de Caim era a mudança na cor de sua pele. De clara para escura. De branco para negro. Ele teria, em termos mais cognoscíveis, “tornado-se” negro por uma maldição.
Absurdo, não?
Evidentemente, esta é uma hipótese agressiva e racista pois nos leva a crer que Caim foi discriminado segundo a sua cor, além de não conter a menor justificativa bíblica.
Mas, acredite se quiser, tal possibilidade foi propagada na Idade Média e utilizada como tentativa de “defender” a escravidão, feita de argumentos como "pessoas de pele escura descendem de Caim, portanto Deus quer que sejam punidas”.
Novamente, asseguramos que essa teoria é insensata. Não passou de um pretexto para que a maldade humana defendesse sua crueldade racial; e toda a descendência de Caim pereceu no dilúvio dos tempos de Noé, consequentemente não existiriam negros se este fosse o caso.
Mas então o que sabemos sobre a Marca?
1) servia de proteção para que as pessoas, ao vê-lo, não fizessem justiça com as próprias mãos;
2) não o proibia de casar e ter filhos, apenas de não ser assassinado;
3) e estava primordialmente associada a Caim visto que a Bíblia não entrega registros de que era um sinal hereditário, ou seja, não foi transmitida aos filhos por meio do DNA.
Remanescente a isto, nos resta somente o mistério.
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